Vida virtual
Bom dia!!!
Eu a vejo quase todas as manhãs.
Chegamos.
Tchau, bom trabalho.
Ao final da tarde avistei pela janela Duque e Angela indo ver o crepúsculo na praia.
Mon Animal - Elisa Lucinda
Eu a vejo quase todas as manhãs.
Não é exatamente bonita. Aliás ela é de uma feiúra estranha como se carregasse uma boniteza espalhada em si, nos gestos e não nos traços exatamente.
Não importa.
Importa é que a vejo acompanhada perenemente pelo seu cão.
Um pastor alemão com cara de bom companheiro.
E o é. Eu vejo. Olha-a muito, encaixa seu focinho entre os joelhos dela, brinca com ela, gane querendo dengo.
Ela também, essa minha vizinha de uns quarenta e vividos anos, brinca de não-solidão com esse cachorro específico; gosta dele, ri: Não Duque, assim não, deixa o moço, Duque, me espere.
Não vá na minha frente assim, cuidado com o carro, menino. Ele a olha como quem agradece.
E vão os dois, não em vão, pelas ruas de Copacabana sob o sol, felizes que só vendo.
Eu vejo. Ela é camelô; nos encontramos no elevador e eu:
- Vocês se divertem tanto, é tão bonito.
- É, nos conhecemos na rua. Ele olhou pra mim bem nos meus olhos.
Eu estava trabalhando. Vi logo que era um cão bem cuidado fisicamente mas faltava-lhe carinho.
Deixei minhas bugigangas (ela vende coisas que querem imitar jóias antigas) por não sei quanto tempo e fiquei agachada na calçada na Avenida Nossa Senhora, só namorando ele.
Decidimos que ele viveria comigo. Naturalmente. Tudo aconteceu "naturalmente", ela frisou, como se quisesse dissipar de mim qualquer sombra de suspeita de um possível roubo. Noutro dia no mesmo elevador, ela com seu carrinho de balangandãs, eu e Duque.
O elevador apertado e ela continuou femininamente a conversa do último
elevador nosso:
- Tenho certeza que ele é de câncer. É muito sensível. Só falta falar.
Né Duque? ... ele não é lindo? Eu disse: Lindíssimo. E você que signo é?
- Ah, sou capricórnio mas com ascendente em câncer, combina sim.
Eu vejo Duque lambendo as mãos dela, as magras mãos cujos dedos ela oferecia de propósito e distraidamente a imordida dele.
Eu olho admirando receosa por conta dos afiados dentes dele.
Quase não entendo de cães.
Você tem medo... ô não ofenda ele; Duque entende pensamentos e não gostou do que você pensou. Jamais me morderia, jamais me trairia. Né Duque? Senti o pensamento de Duque latindo que jamais a trairia.
Achei bonito.
Chegamos.
Tchau, bom trabalho.
Tchau Duque.
Fui para a rua pensando longamente nos dois. Depois pensei nos mistérios da astrologia e perdi o fio do meu pensamento.
Ao final da tarde avistei pela janela Duque e Angela indo ver o crepúsculo na praia.
Depois vi os dois voltando sorridentes e caninos, sob a noite estrelada; ela com fitas de vídeo penduradas ao braço; sempre conversando com ele.
Tenho inveja de Angela. This is the true. O animal que eu quero não mora comigo, não almoça mais comigo, não brinca mais, não me telefona, não me advinha os pensamentos, não me
acompanha ao crepúsculo, não gane querendo dengo, nossos signos parecem não mais combinar.
O animal que quero, pensa demais e por isso não passeia mais comigo.
E o pior: Não me lambe mais.
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Hoje eu quero falar de uma coisa muito interessante, um novo comportamento que surgiu com a era da internet. Amor, amizade, problemas, vidas virtuais, onde as pessoas chegam ao ápice de abrir mão de sua vida real e passam a cyber-existir.
Através de um computador ligado à internet, podemos entrar em contato com qualquer pessoa de qualquer canto do mundo que também esteja conectada. Até que ponto nos envolvemos com essas pessoas? Até que ponto podemos confiar nelas?
Eu mesma, me apaixonei uma vez por um cara pela internet, jogávamos ragnarok, um MMORPG, uma espécie de RPG online, e ele era um amigo agradável, sempre estavamos juntos e ajudavamos um ao outro. E aos poucos fui contando muito da minha vida pra ele. Um dia me vi apaixonadissima por ele e sem saber o que fazer. Ele morava em SP capital e eu no interior. Um dia eu contei a ele sobre o que eu sentia, ele não correspondia ao meu sentimento, mas começamos a ter um caso virtual. Sexo virtual! Se alguém me contasse, provavelmente eu não acreditaria e acharia um absurdo. Mas, eu vivi isso e foi uma experiência muito interessante e intensa. Um dia, eu cansei disso, eu queria sentimento e ele não podia me dar e nos afastamos. Assim como acontece na vida real...
Amizades virtuais são o mais comum de acontecer nesse cyber-mundo, eu mesma tenho amigos confiabilissimos que eu nunca sequer vi de perto. E aí vem o grande problema: muitas pessoas, em sua maioria adolescentes, se deixam levar por qualquer conversinha fiada, e vão confiando..confiando tanto no tal "amigo" virtual, que o cara pode ser um sequestrador e raptar o garoto ou a garota em troca de resgate. Isso vêm acontecendo muito nos últimos anos, é o chamado cyber-crime.
A nova febre desse mundinho virtual, é um jogo chamado Second Life. Eu mesma me aventurei nele, mas não obtive sucesso por falta de tempo para me dedicar e claro: paciência. Mas parece ser um ambiente interessante, ele simula a vida e muitos adultos estão ganhando dinheiro em cima disso. Está se tornando uma brincadeira muito séria. "O simulador permite que um usuário (pessoa em carne e osso) assuma uma "personalidade virtual" (chamada de avatar) e conviva com outros avatares no universo do Second Life, que imita o mundo real. É possível, por exemplo, comprar um terreno no simulador e ali construir a mansão dos seus sonhos." [http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=8726]
O pessoal no SL perde e ganha muito dinheiro com esse jogo e é uma pequena mostra de como a civilização pode se tornar uma civilização virtual, um sociedade imaginária onde você cria seu personagem e se torna o que quiser!
Me pergunto se isso pode ser considerado realmente uma evolução na tecnologia e até que ponto estaremos perdendo nossa vida real com isso? Eu não vou me excluir desse grande número de pessoas que têm sua vida virtual, aliás eu tenho mais vida virtualmente do que real. Mas não sei até que ponto isso pode me prejudicar ou me ajudar.
Fico pensando se meus netos saberão o que é brincar na rua, tomar banho de chuva, balançar no parque, entre outras brincadeiras onde elas possam se sujar, machucar e crescer de verdade.
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Ainda quero fazer Jornalismo e escrever artigos melhores!!!
=P
Se alguém estiver lendo isso, me diga, qual sua opnião a respeito? Sua vida virtual vêm primeiro que sua vida real? Você seria capaz de abrir mão de sua cyber-vida? Eu não.
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